Apagão de mão de obra: desafio de mobilidade e moradia

O crescimento industrial em Ponta Grossa, no interior do Paraná, traz novos desafios à cidade. Segundo Henrique Wosiack Zulian, conselheiro da área de Urbanismo, a cidade se destaca como o maior polo industrial da região, com mais de 21 mil trabalhadores atuando nas indústrias locais. Este número deve ultrapassar 25 mil nos próximos anos. No entanto, esse avanço econômico não acompanha o planejamento urbano e social necessário para sustentar esse crescimento.

Zulian, formado em Arquitetura e Urbanismo e mestre em Projeto Arquitetônico, aponta para um paradoxo na cidade: a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada associada à crescente distância entre moradia e locais de trabalho. Muitas pessoas enfrentam deslocamentos demorados, que podem ultrapassar duas horas por dia, especialmente aqueles que residem em áreas mais afastadas dos polos industriais. Isso afeta a qualidade de vida e a produtividade dos trabalhadores.

Outro fator a ser considerado é a disparidade entre os salários oferecidos pelas indústrias e o custo de vida crescente na região. Muitos trabalhadores se veem obrigados a viver longe do trabalho, enfrentando altos gastos com transporte e vivendo em condições financeiras difíceis. Isso torna a atração de mão de obra cada vez mais desafiadora, mesmo em momentos de baixa inflação.

As indústrias também sinalizam problemas relacionados à infraestrutura, como o tráfego intenso nas vias, especialmente nas proximidades da BR-376, que afetam a logística e o acesso ao trabalho. Zulian alerta que atrair mais indústrias é insuficiente; é essencial que haja um planejamento integrado que envolva moradia, mobilidade e serviços públicos para que a cidade se torne mais funcional.

A situação de Ponta Grossa é um convite para repensar o urbanismo, buscando soluções que atendam não apenas ao crescimento industrial, mas também à melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos. Para isso, é necessário um diálogo constante entre as indústrias, a administração pública e a população, a fim de estruturar uma cidade que funcione para todos.

No contexto de Ponta Grossa, um grupo de 14 membros, que compõe o ‘Conselho da Comunidade’, discute e elabora pautas sobre temas relevantes para a sociedade. Este conselho visa ouvir as vozes da população e trabalhar em conjunto para resolver os desafios que a cidade enfrenta.

Em resumo:

  1. Crescimento sem planejamento: Ponta Grossa atraiu indústrias e empregos, mas ainda é necessário integrar moradia, mobilidade e serviços aos polos industriais.
  2. Deslocamento dificultado: Morar longe das áreas de trabalho aumenta o tempo de deslocamento e os custos para os trabalhadores, impactando sua qualidade de vida.
  3. Risco de falta de mão de obra: Sem melhorias na infraestrutura e suporte a habitação perto das indústrias, a retenção de trabalhadores e a produtividade ficam comprometidas.