
Neste domingo (14), os chilenos vão às urnas para o segundo turno das eleições presidenciais, que definirão o novo presidente do país para o período de 2026 a 2030. O candidato José Antonio Kast, associado à extrema direita e conhecido como o “Bolsonaro chileno”, lidera as pesquisas de intenção de voto com cerca de dez pontos à frente de Jeannette Jara, sua rival da esquerda.
No primeiro turno, a extrema direita, que trouxe quatro candidatos, obteve cerca de 76% dos votos. Embora Jeannette Jara tenha aumentado suas intenções de voto de 26% para 36% desde então, isso ainda a coloca bem atrás de Kast, que atualmente alcança 56%, aumentando sua popularidade em 21 pontos desde a primeira fase da eleição. Especialistas afirmam que, a menos que ocorra uma mudança drástica, a esquerda terá dificuldades para vencer.
Kast, líder do Partido Republicano, propõe medidas rígidas para combater o crime, como a detenção e deportação de cerca de 340 mil imigrantes sem documentos no Chile. Se eleito, seria o presidente mais à direita desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet em 1990.
Apesar de o Chile ser considerado um dos países mais seguros da América Latina, a insegurança é uma preocupação crescente entre a população. Uma pesquisa recente indicou que cerca de 63% dos chilenos acreditam que a criminalidade é o principal problema do país. Nos últimos anos, os homicídios estabilizaram-se em 6 por 100 mil habitantes, uma alta de 140% em uma década. Além disso, foram registrados 868 sequestros no ano passado, um aumento de 76% em relação a 2021.
Os candidatos têm abordagens diferentes sobre a questão da segurança. Jara, de 51 anos, é uma militante moderada do Partido Comunista e ex-ministra do Trabalho no governo de Gabriel Boric. Ela propõe aumentar o salário mínimo para quase 800 dólares (R$ 4.340) e controlar a imigração através de um censo dos imigrantes sem documentação, visando identificar aqueles com antecedentes criminais.
Já Kast defende a construção de muros e trincheiras na fronteira com a Bolívia e a mobilização de forças armadas para conter a entrada de imigrantes irregulares. Ele também apresenta um fortalecimento da polícia, prometendo um combate mais agressivo ao crime.
Ambos os candidatos estão sob pressão devido às demandas da população por segurança. Rafael Urzúa, um arquiteto de 47 anos, expressou sua preocupação com a segurança e declarou que votará em Kast, acreditando que ele pode trazer mudanças necessárias.
Jara, por outro lado, tem enfrentado críticas por ser considerada a continuação do governo anterior, que não atendeu plenamente às expectativas populares. O desafio dela é conquistar a confiança dos eleitores numa eleição em que a direita parece ter uma vantagem significativa.
As eleições deste domingo são uma cruzada não apenas por um novo presidente, mas por um futuro que reflete as preocupações atuais dos chilenos, especialmente em relação à segurança e à imigração.

