
Na última semana, o Brasil enfrentou um cenário econômico e político marcado por incertezas, especialmente na relação com os Estados Unidos, um aumento da inflação e a expectativa em torno das decisões do Banco Central.
No dia 25 de agosto, o resumo “Semana em 5 Minutos” destacou esses pontos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou que o país poderia entrar em uma “guerra tarifária” com os EUA, caso não houvesse mudanças nas tarifas impostas pelo governo americano.
### EUA impõem tarifa e afetam diálogo com o Brasil
Os investidores estão preocupados com a possibilidade de os EUA implementarem uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Embora houvesse um clima mais positivo internacional, com esperanças de um acordo entre os EUA e a União Europeia, a situação no Brasil continuou tensa, especialmente pela falta de um embaixador americano em Brasília e pela dificuldade de manter o diálogo com a Casa Branca. A comunicação entre o governo brasileiro e os EUA foi reaberta somente após um contato entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick.
Com o risco de não alcançar um acordo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo está preparando medidas de apoio para os setores que poderão ser afetados pela tarifa e buscando novas oportunidades de exportação.
### Governo libera R$ 20 bilhões e altera meta fiscal
Recentemente, o governo brasileiro decidiu liberar R$ 20,6 bilhões em despesas para 2025, reduzindo o corte de gastos de R$ 31 bilhões para R$ 10,7 bilhões. A nova meta para o déficit primário foi fixada em R$ 26,3 bilhões, equivalente a 0,2% do PIB.
Essa decisão foi tomada com base na expectativa de receitas adicionais, como o aumento do IOF e a antecipação de receitas do pré-sal. No entanto, essa mudança gerou críticas no mercado, que esperava um compromisso maior do governo para atingir a meta de déficit zero.
### Inflação acelera e influência sobre o Copom
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de julho, que serve como prévia da inflação oficial, registrou uma alta de 0,33%, superando a expectativa de 0,30% e a taxa de junho, que foi de 0,26%. O acumulado em 12 meses apresentou uma ligeira queda, passando de 5,35% para 5,30%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá na próxima semana, e há a expectativa de que a taxa Selic permaneça em 15%. O mercado estará atento ao relatório pós-reunião, que pode fornecer insights sobre as futuras direções da política monetária.
### EUA: inflação elevada e impacto das tarifas
Nos Estados Unidos, 83% das empresas listadas no S&P 500 reportaram lucros acima do esperado, o que elevou o ânimo nas bolsas. No entanto, as tarifas implementadas pelo governo anterior de Donald Trump estão começando a afetar os preços dos produtos. Por exemplo, a General Motors reduziu sua previsão de lucro em US$ 1 bilhão, optando por não repassar o aumento de custos para os consumidores. Já nos setores de brinquedos e eletrodomésticos, os preços estão subindo significativamente, contribuindo para a inflação.
O Federal Reserve, banco central dos EUA, deve manter as taxas de juros na próxima reunião do FOMC, mas a inflação persistente, especialmente nos serviços, dificulta a possibilidade de cortes nos juros a curto prazo.
### China e Europa: acordos comerciais na pauta
Um acordo comercial entre os EUA e a China pode ser assinado em 12 de agosto, embora haja a possibilidade de uma prorrogação de 90 dias. As exportações de microchips e terras raras entre os dois países começaram a se normalizar.
Na Europa, os EUA e a União Europeia estão próximos de definir um novo pacto tarifário de 15%. Além disso, o Reino Unido firmou um acordo de livre comércio com a Índia, o primeiro em mais de dez anos para o país asiático.
### Investidores diminuem exposição ao Brasil
Apesar da alta acumulada do índice Ibovespa e do IFIX, que superam 10% em 2025, o investidor estrangeiro retirou R$ 4,8 bilhões da B3 até o dia 23 de julho. Essa dinâmica se deve à instabilidade política e à postponement de reformas fiscais, que geram uma sensação maior de risco. O atual cenário econômico é frequentemente comparado ao período do governo Dilma Rousseff, que também foi marcado por desequilíbrio fiscal e baixa previsibilidade econômica.