Renner é a primeira na bolsa a divulgar relatório de sustentabilidade

A Lojas Renner se destacou recentemente ao se tornar a primeira empresa brasileira a lançar um relatório completo sobre sustentabilidade, seguindo os padrões internacionais IFRS S1 e S2. Essa iniciativa, divulgada na última segunda-feira, aconteceu com dois anos de antecipação em relação ao prazo estipulado pelas normas brasileiras, surpreendendo especialistas do mercado que esperavam um passo similar da B3, bolsa de valores do Brasil.

Os padrões IFRS S1 e S2 estabelecem diretrizes sobre como as empresas devem relatar riscos e oportunidades ligadas à sustentabilidade e ao clima. O foco está nos impactos financeiros dessas questões nas operações empresariais. Ao adotar essas normas antes do previsto, a Renner reforça seu compromisso com a integração das questões climáticas em sua estratégia.

O relatório apresenta dados reveladores sobre como os eventos climáticos estão afetando financeiramente a empresa. Em 2024, ondas de calor impactaram negativamente o resultado operacional da Renner em R$ 18 milhões, e inundações causaram perdas de R$ 10 milhões. Por outro lado, as vendas de produtos com menor impacto ambiental trouxeram um ganho de R$ 94 milhões. A empresa estimou que, nos próximos dez anos, suas iniciativas sustentáveis podem gerar até R$ 256 milhões em receita, enquanto eventos climáticos extremos podem resultar em perdas de até R$ 99 milhões no fluxo de caixa. O uso de energia renovável, implementado desde 2021, deve contribuir com um impacto positivo entre R$ 201 milhões e R$ 232 milhões a longo prazo.

O documento também aborda os riscos climáticos mais relevantes para os negócios da Renner, como ondas de calor, inundações, secas e incêndios florestais. A empresa identificou vulnerabilidades como a possível diminuição na demanda por roupas de inverno, dificuldades logísticas e riscos na cadeia de fornecedores, especialmente na produção de jeans, que consome grandes quantidades de água. Para enfrentar esses desafios, a Renner adota várias estratégias, como a utilização de inteligência artificial para prever a demanda, o planejamento de rotas alternativas de distribuição e a exigência de certificações ambientais de seus fornecedores.

Além disso, a empresa está implementando medidas para aumentar a resiliência de suas lojas e centros de distribuição, bem como ações de apoio a colaboradores e clientes afetados por eventos climáticos extremos. A governança da sustentabilidade é supervisionada por um Conselho de Administração e comitês especializados, com suporte das diretorias de Controladoria, Riscos e Sustentabilidade. Parte da remuneração da alta liderança da empresa está condicionada ao cumprimento de metas climáticas.

A Renner também anunciou um plano de transição para uma economia de baixo carbono, com metas validadas pela Science Based Targets initiative (SBTi). As metas incluem uma redução de 46,2% nas emissões absolutas dos escopos 1 e 2 até 2030 e uma redução de 55% nas emissões por peça adquirida no escopo 3, que abrange fornecedores. A meta de neutralidade climática está estabelecida para 2050, com a ambição de cortar em 90% as emissões totais.

Essa estratégia também considera investimentos em iniciativas de circularidade, eficiência energética e uso de matérias-primas com menor impacto ambiental, além de inovações por meio da RX Ventures, o braço de venture capital da Renner. Assim, a Renner se posiciona na vanguarda das empresas brasileiras com suas práticas sustentáveis e a busca por um futuro mais responsável em termos ambientais.