Incertezas fiscais e tensões externas afetam mercados no Brasil

A combinação de incertezas fiscais no Brasil e tensões comerciais no cenário internacional deixou os investidores mais cautelosos. A decisão sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), as expectativas em relação à taxa de juros e a performance da economia americana são os principais fatores que influenciam os mercados financeiros nesta semana.

Recentemente, as discussões sobre a reoneração do IOF entre o governo e o Congresso não resultaram em um acordo. A autorização do ministro Alexandre de Moraes para a cobrança retroativa do imposto gerou instabilidade jurídica, intensificando a tensão entre os poderes Executivo e Legislativo.

Adicionalmente, está em tramitação uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que quer excluir os precatórios do teto de gastos, sugerindo uma transição de dez anos. Essa proposta busca minimizar o impacto nas contas públicas, mas é vista como uma solução temporária.

O presidente Lula também decidiu vetar o aumento do número de deputados federais, seguindo a nova interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Constituição de 1988. A popularidade de Lula teve uma leve recuperação, impulsionada por suas interações políticas, mas reformas essenciais continuam fora da pauta do governo até 2027, criando pressão sobre a política fiscal.

Na economia, um indicativo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, conhecido como IBC-Br, apresentou uma queda de 0,7% em maio, superando as expectativas de analistas e indicando uma desaceleração da atividade econômica. Essa situação poderia reforçar a ideia de cortes na taxa de juros, desde que ocorra também uma redução nos estímulos fiscais.

O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de julho mostrou deflação de 1,7%, marcando a quarta queda consecutiva. Essa tendência é influenciada pela valorização do real, que tem impactado os índices de preços.

No mercado de ações, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, registrou sua segunda queda semanal. Essa instabilidade tem sido impulsionada pela cautela dos investidores em relação ao cenário político e fiscal, mesmo diante de ativos que estão sendo considerados como bons negócios.

Nos Estados Unidos, a inflação subiu de 2,4% para 2,7% no acumulado de 12 meses até maio, com aumento nos preços de itens importados como móveis, roupas e brinquedos. Mesmo com a inflação acima da meta do Federal Reserve, o consumo continua estável, com as vendas no varejo crescendo 0,6% em junho, superando as expectativas.

Apesar do crescimento econômico e do baixo índice de desemprego, analistas ainda esperam cortes na taxa básica de juros até 2025. As grandes instituições financeiras, como JPMorgan e Citigroup, divulgaram resultados financeiros positivos, embora as previsões para o segundo semestre sejam mais conservadoras, devido a incertezas sobre tarifas comerciais.

Na China, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as exportações aumentaram 5,8% em junho. Apesar da queda no comércio com os Estados Unidos, a China está exportando mais para países que aplicam tarifas menores, buscando contornar restrições.

Na Europa, a União Europeia reduziu praticamente toda a sua dependência de petróleo e gás da Rússia, o que tem contribuído para a estabilidade da economia do bloco. Ao mesmo tempo, a Rússia tem aumentado suas trocas comerciais com a China e a Índia, ajudando a financiar suas operações militares na Ucrânia, com a situação do conflito ainda sem solução.

Por fim, a valorização recente do Bitcoin é considerada uma das mais intensas da sua história quando analisada de forma linear. No entanto, ao observar em uma escala logarítmica, que considera variações percentuais, o crescimento atual se encaixa em um padrão semelhante a ciclos anteriores. Essa análise sugere que, apesar da alta do preço, o comportamento do Bitcoin segue um padrão técnico coerente com os movimentos de anos anteriores.