Dieese projeta R$ 81,7 bi na economia com salário de R$ 1.621

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou que o novo salário mínimo será de R$ 1.621, a partir de 1º de janeiro de 2026. Esse reajuste deve injetar R$ 81,7 bilhões na economia brasileira no próximo ano.

O aumento de 6,79% em relação ao salário anterior é definido pela Lei nº 14.663/2023, que garante uma política de valorização do salário mínimo respeitando os limites fiscais estabelecidos pela Lei Complementar nº 200/2023. Para calcular o novo valor, foram considerados dois fatores: a inflação, que foi de 4,18% entre dezembro de 2024 e novembro de 2025, e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), limitado a 2,5% devido a restrições fiscais.

Atualmente, cerca de 61,9 milhões de brasileiros recebem salários que estão atrelados ao mínimo. Com o novo valor, a renda adicional gerada permitirá que esses trabalhadores aumentem seu consumo de bens e serviços, o que deve estimular o mercado interno, beneficiando setores como comércio, transporte e serviços.

Se as regras antigas estivessem em vigor, permitindo que o reajuste do salário mínimo acompanhasse plenamente o crescimento do PIB de 3,4%, o mínimo teria chegado a R$ 1.636, e a injeção de renda na economia seria de R$ 93,7 bilhões, ou seja, R$ 12 bilhões a mais que o cálculo atual.

### Impacto na Previdência

O aumento do salário mínimo também terá implicações diretas nos benefícios previdenciários:

– 70,8% dos beneficiários da Previdência recebem até um salário mínimo.
– A cada R$ 1 de aumento no salário, há um custo adicional de R$ 380,5 milhões por ano.
– Com o reajuste de R$ 103, o custo anual para a Previdência será de cerca de R$ 39,1 bilhões.
– Embora esse aumento gere um impacto fiscal, parte desse valor retorna à economia por meio do aumento no consumo e na arrecadação tributária, criando um ciclo positivo de estímulo econômico.

### Valorização Histórica

Desde 2002, quando o salário mínimo era de R$ 200, houve uma valorização real significativa, alcançando R$ 1.621 em 2026. Isso representa um ganho real acumulado próximo de 100%, considerando a inflação. O salário mínimo serve como um parâmetro importante para trabalhadores, beneficiários de programas sociais, e servidores públicos, além de ajudar a diminuir desigualdades salariais em diferentes regiões, gêneros e grupos étnicos.

### Poder de Compra das Famílias

Em 2025, o salário mínimo permitia a compra de 1,75 cesta básica na cidade de São Paulo. Com o novo valor, esse número sobe para 1,93 cestas básicas, o que representa o maior poder de compra desde 2019, beneficiando principalmente as famílias de baixa renda.

Assim, o reajuste do salário mínimo para R$ 1.621 não apenas eleva a renda de milhões de brasileiros, mas também se torna um motor crucial para o crescimento econômico, especialmente em um cenário onde o consumo doméstico é essencial. Apesar das limitações fiscais atuais, a política de valorização do salário mínimo continua a ser uma ferramenta importante para a inclusão social e para o estímulo da economia nacional.