
Os países da União Europeia (UE) aprovaram novas regras na segunda-feira (8) que tornam as políticas migratórias do bloco mais rígidas. Uma das principais mudanças é a criação de “centros de retorno”, que serão instalados fora das fronteiras da Europa. Esses centros receberão solicitantes de asilo cujo pedido tenha sido negado.
A cientista política Ana Prestes comentou sobre essa decisão, alertando que a situação é alarmante. Segundo ela, as medidas refletem uma crescente influência da extrema direita na política europeia, que está implementando um programa hostil aos direitos humanos. Prestes destacou que essas novas normas terceirizam a responsabilidade da Europa sobre pessoas que estão em situações de vulnerabilidade, como mulheres, crianças, idosos e a população LGBT+.
A proposta aprovada permitirá que migrantes sejam enviados a países considerados “seguros”, mesmo que esses países não sejam de origem dos migrantes. Entre os destinos possíveis estão Marrocos, Bangladesh, Índia e Colômbia, todos com grandes crises sociais e políticas. Prestes se mostrou perplexa com a ousadia de tal proposta.
A cientista política também apontou que o contexto atual na Europa é marcado por uma crise interna, que se agravou com a guerra na Ucrânia e o aumento dos custos de vida. Isso tem levantado sentimentos nacionalistas e protecionistas, levando a um aumento da xenofobia. Ela fez uma comparação com o discurso do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associava imigração à criminalidade.
Apesar disso, Prestes acredita que uma reação internacional pode acontecer. Ela menciona a importância de organismos multilaterais para pressionar os países europeus e espera que nações do Sul Global, como a Colômbia e seu presidente Gustavo Petro, se posicionem contra essas medidas, especialmente em fóruns internacionais. Prestes espera que haja uma mobilização tanto popular quanto por parte de governos que se oponham a essas novas regras.

