Inflação (IPCA-15) avança em julho por alta de energia e passagens

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) acelerou em julho, subindo para 0,33% após um aumento de 0,26% em junho. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 25 de agosto. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação passou de 5,27% para 5,30%.

O grupo que mais impactou a inflação em julho foi o de Habitação, que teve um aumento de 0,98%, contribuindo com 0,15 ponto percentual para a taxa. Dentro desse grupo, a energia elétrica residencial subiu 3,01%, o que tem pressionado ainda mais os preços, especialmente devido à bandeira vermelha patamar 1. Essa bandeira adiciona R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, afetando diretamente o custo da conta de luz das famílias.

Além da energia, o grupo de Transportes também teve uma alta significativa, com variação de 0,67%, bem acima dos 0,06% registrados em junho. O aumento foi puxado pela elevação das passagens aéreas, que subiram 19,86%, assim como o preço do transporte por aplicativo, que avançou 14,55%. Em contraste, os preços dos combustíveis apresentaram queda em julho: a gasolina recuou 0,50%, o etanol 0,83%, o óleo diesel 1,09% e o gás veicular 1,21%.

No grupo de Despesas Pessoais, os jogos de azar se destacaram com um aumento de 3,34%. No setor de Saúde e Cuidados Pessoais, houve um avanço de 0,21%, influenciado pelo reajuste dos planos de saúde, que teve autorização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e está sendo aplicado gradualmente.

Os preços de Alimentos e Bebidas, por sua vez, registraram uma deflação pelo segundo mês consecutivo, com uma leve queda de 0,06%. Produtos como batata (-10,48%), cebola (-9,08%) e arroz (-2,69%) contribuíram para esse resultado. No entanto, o preço do tomate voltou a subir, com um aumento de 6,39% após uma queda em junho.

Sobre a situação atual, especialistas apontam que, embora o índice de julho tenha registrado uma alta inesperada, os núcleos de inflação, especialmente do setor de serviços, apresentam um cenário de desaceleração. De acordo com a análise do economista Maykon Douglas, a desinflação gradual dos serviços pode ser um sinal de que a pressão inflacionária está diminuindo. Ele recomenda cautela ao Banco Central, considerando potenciais pressões futuras geradas por questões internacionais, como a guerra tarifária com os Estados Unidos e a persistência da demanda interna.

A expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa Selic em 15% por um período prolongado, conforme deverá ser indicado em seus comunicados futuros.

Além disso, Gustavo Cruz, estrategista-chefe de uma instituição de investimentos, observou que a inflação veio conforme o previsto, com uma redução na difusão de preços, que caiu de 57% para 51%, indicando que menos itens estão aumentando de preço. No entanto, o aumento dos serviços, que subiu de 0,30% para 0,70%, pode complicar os esforços para a desinflação.

Natalie Victal, economista-chefe em outra instituição, considera que o resultado da inflação de julho é benigno, destacando que a alta foi principalmente influenciada pelas passagens aéreas. Essa análise é importante para compreender o contexto atual da economia brasileira e os desafios que ainda podem surgir nos próximos meses.