
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil, registrou uma queda significativa de 1,15% nesta quinta-feira (24), fechando a 133.807 pontos. Essa desvalorização foi impulsionada pela retirada de recursos por investidores estrangeiros, que, até a última terça-feira (22) de julho, somavam quase R$ 5 bilhões. Essa movimentação é atribuída à crescente tensão nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, principalmente após a imposição de sobretaxas de 50% sobre as exportações brasileiras para o país norte-americano.
As ações de grandes empresas, conhecidas como blue chips, não conseguiram segurar o índice e também finalizaram o dia em baixa. A Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, teve suas ações desvalorizadas em 1,55%. A Petrobras apresentou um desempenho misto: as ações preferenciais (PETR3) tiveram uma leve alta de 0,11%, enquanto as ações ordinárias (PETR4) caíram 0,16%.
No cenário internacional, os mercados estão de olho na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) dos Estados Unidos programada para a próxima semana. Em paralelo, o mercado de Nova York reagiu negativamente à queda das ações da Intel, que reportou um aumento de 81% em seu prejuízo no segundo trimestre.
Em termos de comércio, a Câmara Americana de Comércio e a Amcham Brasil propuseram ao vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, um plano conjunto para a exploração de minerais críticos, destacando a importância do Brasil nesse setor. O documento “Proposta de Cooperação Brasil-Estados Unidos em Minerais Críticos” enfatiza que o Brasil possui grandes reservas de nióbio, grafite e níquel, enquanto os Estados Unidos têm tecnologia para processamento e buscam reduzir sua dependência externa.
Além disso, surgiu uma possibilidade de flexibilização nas tarifas comerciais impostas pelo governo Trump. Após o fechamento dos mercados, Alckmin revelou que teve uma conversa com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que poderia levar a um diálogo para evitar a aplicação da taxa de 50%.
Na agenda econômica desta sexta-feira (25), o foco estará na divulgação do IPCA-15 de julho, que deve apresentar uma nova alta, especialmente à luz da iminente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).
No quadro global, as bolsas europeias também apresentaram quedas, com investidores nervosos sobre o impacto das tarifas nas corporações, mesmo com a expectativa de um acordo. As ações da Volkswagen, por sua vez, desvalorizaram após a montadora revisitar suas previsões financeiras.
Na Ásia, os mercados fecharam em baixa, após dias de otimismo, com o Nikkei japonês caindo 0,84% e o Hang Seng de Hong Kong 1,09%. Nos Estados Unidos, por outro lado, os índices futuros seguem em alta, impulsionados pelo apetite dos investidores e resultados positivos recentes.
Em commodities, o petróleo teve uma leve alta, refletindo um otimismo em relação ao comércio global. O barril do Brent subiu 0,17%, atingindo US$ 69,30, enquanto o WTI avançou 0,21%, cotado a US$ 66,17. Já o minério de ferro registrou queda em suas cotações na bolsa de Dalian e em outros mercados.
No Brasil, a expectativa gira em torno da divulgação do IPCA-15, que, segundo previsões, deve mostrar uma alta de 0,34%. O Banco Central também deverá publicar o relatório de transações correntes de junho e a Fundação Getulio Vargas (FGV) o índice de confiança do consumidor de julho. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertou que mais de 10 mil empresas brasileiras devem ser impactadas pelas tarifas de 50% dos EUA.
No mercado corporativo, alguns destaques incluem a Petrobras, que busca se tornar parte do processo de aquisição da Novonor, e o Carrefour, que planeja vender suas operações na Itália. A Sabesp anunciou uma emissão de debêntures no valor de R$ 3 bilhões, enquanto a Multiplan reportou um lucro de R$ 264,4 milhões, refletindo uma queda de 6,2% em relação ao ano anterior. A Usiminas, no entanto, reverteu o prejuízo do ano anterior e registrou um lucro de R$ 127,6 milhões no segundo trimestre.