Era Mounjaro reduz doadores de sangue no Brasil

O uso crescente de medicamentos injetáveis para emagrecimento, como Mounjaro e Ozempic, está impactando significativamente o número de pessoas aptas a doar sangue. A restrição ocorre porque essas substâncias podem aumentar o risco de contaminação durante o processo de doação, principalmente quando os usuários compartilham as canetas de aplicação.

Os medicamentos, que agem no metabolismo e ficam no organismo por algumas semanas, são um fator de preocupação na triagem clínica, onde pessoas em tratamento são automaticamente desconsideradas como doadoras. Se uma pessoa interrompe o uso desses medicamentos, deve esperar um período de um ano antes de voltar a doar sangue.

Estes tratamentos estão se tornando bastante comuns e seu custo pode variar entre R$ 1.000 e R$ 2.500, dependendo da dose e da farmácia. Para muitos, o preço elevado leva ao compartilhamento das canetas entre familiares, o que aumenta ainda mais o risco de transmissão de doenças infecciosas pelo uso de perfurocortantes.

Segundo especialistas, esta situação está dificultando a manutenção dos estoques de sangue nos hemocentros. A chefe do ciclo de doação do Hemosul, Analice Ribeiro, explicou que a alta demanda por esses medicamentos tem impactado diretamente na quantidade de pessoas que podem realizar a doação.

Com as novas diretrizes da Anvisa, que entram em vigor no dia 23 de junho de 2025, a venda desses medicamentos passará a exigir receita médica em duas vias, assim como a retenção da receita nas farmácias. Essa decisão tem como objetivo regularizar o uso desse tipo de medicamento, principalmente quando adquirido para finalidades estéticas, sem supervisão médica, o que pode trazer riscos à saúde.

Embora não haja um número exato de pessoas que são desqualificadas para a doação, a frequência desse tipo de desistência tem aumentado. A chefe do Hemosul destacou que, ao contrário de medicamentos como a sibutramina, que exige um intervalo de apenas 30 dias antes da doação, o uso de Mounjaro e Ozempic impõe uma espera muito mais longa de um ano.

No geral, as associações entre o uso de medicamentos para emagrecimento e a doação de sangue mostram uma nova realidade que precisa ser monitorada, tanto para garantir a saúde dos doadores, quanto a segurança dos receptores de sangue.