Atentado a Miguel Uribe fortalece a direita colombiana em 2023

O atentado contra o senador Miguel Uribe pode ter um impacto significativo nas eleições presidenciais da Colômbia, programadas para maio de 2026. Embora os candidatos ainda não estejam definidos, o ataque recente a Uribe já está provocando mudanças na dinâmica política do país.

Pesquisas de intenção de voto de várias empresas começaram a mostrar um aumento de popularidade para Uribe, que até então não era visto como forte concorrente. Após o atentado, um levantamento realizado pela EcoAnalítica indicou que ele alcançou 13,7% das intenções de voto, superando Vicky D’Ávila, que tem 11,5%. O ex-senador Gustavo Bolívar, aliado do presidente atual, Gustavo Petro, aparece em terceiro lugar com 10,5%.

O atentado parece ter revitalizado o partido Centro Democrático, fundado pelo ex-presidente Álvaro Uribe. Esse partido já havia eleito Iván Duque em 2018, e agora busca fortalecer sua posição contra o Pacto Histórico, a coalizão de esquerda que elegeu Petro e planeja lançar outro candidato progressista nas próximas eleições.

Um aspecto crucial nesse contexto é o estado de saúde de Miguel Uribe. Sua esposa, María Claudia Tarazona, afirmou em entrevista que ele chegou a ter morte cerebral, mas a condição dele mostra sinais de melhora após vários procedimentos cirúrgicos. Embora o hospital não forneça muitos detalhes, a instituição de saúde Santa Fé notifica uma evolução positiva no quadro de saúde do senador.

A comoção em torno do atentado provocou manifestações de apoio à direita, grupos religiosos e membros das forças armadas na frente do hospital onde Uribe está internado. Segundo a professora de ciência política Andrea Arango Gutierrez, isso pode ser uma tentativa deliberada de capitalizar politicamente sobre o incidente.

Entretanto, ainda é incerto como o partido irá transformar essa popularidade em votos nas eleições. “Ele pode não ter tempo suficiente para ser candidato. O partido procurará um nome que possa unir essa popularidade”, disse Gutierrez. Os líderes do Centro Democrático, incluindo Álvaro Uribe, estão conversando sobre quem deve ser esse candidato, enquanto a esposa de Miguel é considerada, mas ainda carece de popularidade e consenso.

Miguel Uribe é neto do ex-presidente Julio César Turbay. Ele entrou no Senado em 2022 e anteriormente atuou como secretário de governo de Bogotá, além de ter concorrido à prefeitura da capital em 2019, sem sucesso. Em junho, ele foi alvo de três tiros, sendo dois na cabeça e um no joelho, durante um discurso em um bairro de Bogotá. As imagens do ataque mostraram o senador caindo e sendo socorrido após o incidente.

Atualmente, seis pessoas foram presas por envolvimento no atentado. A mais recente se entregou na quarta-feira (16). As investigações indicam que José Arteaga Hernández, conhecido como El Costeño, recebeu cerca de 750 milhões de pesos (aproximadamente R$ 1 milhão) para planejar e executar o ataque contra o senador.

Do outro lado, o Pacto Histórico tenta aconselhar Petro a não se envolver politicamente nas investigações, deixando que as autoridades competentes atuem. Eles acreditam que há possibilidade de uma rede mais ampla estar envolvida no caso, incluindo grupos ligados ao tráfico de drogas. Há preocupações de que qualquer envolvimento de Petro nas investigações poderia associar sua imagem a esses grupos criminosos.

Além disso, o julgamento de Álvaro Uribe por supostas acusações de suborno e fraude processual pode também influenciar as eleições. O caso remonta a uma denúncia feita em 2014 pelo senador Iván Cepeda, que acusou Uribe de apoiar e financiar grupos paramilitares. A decisão sobre o futuro de Uribe será conhecida em 28 de julho e, segundo analistas, poderá ter grandes repercussões políticas.

A complexidade da situação envolve tanto o uso político do atentado quanto as implicações da condenação ou absolvição de Uribe. Ambos os resultados podem ser explorados pela direita para argumentar sobre a legitimidade ou injustiça do processo judicial em questão.