O que “corta” o efeito da pílula do dia seguinte e quando não se deve usá-la

A pílula do dia seguinte é uma solução comum para evitar a gravidez após relações sexuais desprotegidas ou falhas na contracepção.

No entanto, sua eficácia não é automática. Existem diretrizes importantes para preservar sua eficácia e também não afetar a saúde da mulher que ingere a pílula. A seguir, continue lendo e saiba mais detalhes sobre a pílula do dia seguinte.

A eficácia da pílula do dia seguinte: entenda os fatores que podem influenciar o seu funcionamento
A eficácia da pílula do dia seguinte: entenda os fatores que podem influenciar o seu funcionamento/ Foto: Envato

Mecanismo de ação e eficácia da pílula do dia seguinte

Diferente dos anticoncepcionais tradicionais, a pílula do dia seguinte, cujo componente principal é a progesterona, geralmente o levonorgestrel, age de forma a impactar o ciclo menstrual.

Sua dosagem hormonal é considerada alta, e seu mecanismo principal tem como objetivo impedir ou adiar a ovulação, evitando uma gravidez indesejada.

Neste mecanismo da pílula, quando o organismo detecta uma quantidade suficiente de progesterona, a hipófise assume que a ovulação já ocorreu e atrasa a próxima.

Mesmo se a ovulação já tiver acontecido, a pílula do dia seguinte afeta as trompas uterinas, promovendo relaxamento e retardando o transporte dos óvulos, o que dificulta a chegada dos espermatozoides a tempo de ocorrer a fecundação. Além disso, a secreção vaginal se torna mais espessa, dificultando ainda mais o transporte dos gametas masculinos.

A eficácia da pílula do dia seguinte é de aproximadamente 90%, mas esta margem depende do momento em que o comprimido é ingerido.

Apesar do nome sugerir seu uso no dia seguinte, a pílula deve ser ingerida o mais rápido possível. Se tomada após 72 horas do ato sexual, sua eficácia diminui para menos de 50%.

Eficácia da pílula do dia seguinte: o que pode interferir

Estudos mostram que determinados medicamentos, como anticonvulsivantes, barbitúricos, rifampicina (usada no tratamento da tuberculose) e alguns antibióticos, como amoxicilina e tetraciclina, podem interagir de forma a reduzir o efeito da pílula do dia seguinte.

Complicações de saúde que afetam a absorção de medicamentos, como doenças intestinais (doença de Crohn e a doença celíaca, por exemplo), cirurgia bariátrica de bypass, doenças hepáticas e vômito, ocorrido até duas horas após a ingestão do comprimido, podem prejudicar sua eficácia.

O momento ideal para tomar a pílula do dia seguinte

Como mencionado, a rapidez na administração é fundamental, uma vez que a eficácia diminui a cada hora.

Embora os fabricantes sugiram um limite de 72 horas, que oferece menor probabilidade de falha, tomar a pílula nas primeiras 24 horas é ainda mais eficaz.

Não há um horário específico para a ingestão, mas a principal referência deve ser o tempo decorrido desde a relação sexual de risco.

Alguns a consomem antes da relação, mantendo a eficácia, contanto que não seja com grande antecedência.

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Riscos do uso frequente da pílula do dia seguinte

Recorrer repetidamente à pílula do dia seguinte indica a necessidade de buscar um método contraceptivo de longa duração. É essencial lembrar que essa pílula possui uma alta concentração de hormônios.

Estudos alertam sobre o possível impacto negativo em pessoas com histórico de doenças cardiovasculares graves, cefaleias (enxaquecas) e problemas hepáticos, incluindo icterícia.

O uso constante também aumenta o risco de efeitos colaterais como sangramento vaginal, tontura, náusea e inchaço, especialmente, se houver risco de trombose. O uso frequente também pode afetar a eficácia, alterando o ciclo menstrual.

Outros métodos contraceptivos de longa duração costumam ser mais eficazes que a pílula do dia seguinte, com menor carga hormonal.

Portanto, se você tem considerado recorrer à pílula do dia seguinte por falta de alternativas, é aconselhável conversar com seu ginecologista.

É importante ressaltar que qualquer método anticoncepcional hormonal não substitui o uso da camisinha como barreira contra infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, gonorreia, sífilis e clamídia.

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