
Um adolescente de 16 anos passa grande parte do tempo isolado em seu quarto, grudado na tela de um celular. Com um clique, ele posta uma foto; com um scroll, desliza por várias imagens. Esse comportamento, comum entre jovens, traz à tona uma realidade alarmante: na Argentina, cerca de um adolescente comete suicídio diariamente.
Isso reflete não apenas problemas individuais, mas uma crise social mais ampla. A ausência de um suporte emocional é visível: muitos jovens enfrentam dificuldades crescentes de comunicação e conexão com seus pais e responsáveis. As interações que antes ocorriam durante jantares ou finais de semana se tornaram escassas, com o uso excessivo de dispositivos eletrônicos criando uma barreira entre as gerações.
María Laura López Rolandi, psicanalista do hospital Manuel Belgrano, atua em emergências com adolescentes e observa a pressão enfrentada por muitos pais. Eles trabalham longas horas e, mesmo assim, sentem que não conseguem proporcionar o suporte necessário para os filhos. Essa falta de conexão gera uma grande frustração, e muitas vezes os pais têm expectativas irreais sobre como seus filhos devem se comportar ou se desenvolver.
O cenário é ainda mais preocupante quando se considera o aumento das tentativas de suicídio entre crianças e adolescentes, que frequentemente buscam alívio para sua dor emocional por meio de autolesões, manifestando uma incapacidade de lidar com frustrações. A saúde mental desses jovens é uma questão complexa, onde a dor física se torna uma forma de escapar da dor psicológica.
A adolescência é reconhecida como um período complicado, repleto de incertezas e desafios. Os conflitos familiares são comuns, com filhos que frequentemente se sentem incompreendidos por pais que acreditam saber tudo sobre a vida deles. Essa falta de entendimento gera uma frustração que afeta não apenas os jovens, mas também os pais, que se sentem desorientados em seus papéis.
Além das pressões emocionais, há fatores que contribuem para o estado atual: as dificuldades econômicas e os conflitos sociais tornam a vida ainda mais exaustiva para todos. Sem um guia claro sobre como navegar essa nova realidade, a criação de filhos se torna uma tarefa complexa e angustiante.
A realidade para muitos jovens hoje é marcada por emoções intensas e desafios diários, sem a tranquilidade necessária para lidar com as dificuldades da vida. O ciclo de angústia se perpetua em um mundo onde os problemas não encontram soluções fáceis, resultando em uma situação alarmante que exige atenção e ação.

