
A PDVSA, empresa estatal de petróleo da Venezuela, comunicou nesta quarta-feira, 17 de outubro, que as operações de exportação de petróleo, tanto bruto quanto derivados, estão ocorrendo normalmente. O anúncio foi feito em resposta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na noite anterior declarou um “bloqueio total e completo” a todos os navios petroleiros sancionados que entram e saem do território venezuelano.
A PDVSA reassurou que suas embarcações estão navegando com segurança e todo o respaldo técnico necessário, além de afirmar que está cumprindo seus compromissos comerciais dentro das leis internacionais de navegação e os princípios da Organização das Nações Unidas (ONU).
No comunicado, Trump mencionou que a Venezuela está cercada pela “maior armada já reunida na história da América do Sul”, destacando a intensidade da pressão militar sobre o país. Essa nova medida é uma parte de ações mais amplas contra o governo de Nicolás Maduro. Recentemente, Trump anunciou o sequestro de um petroleiro próximo à costa da Venezuela, que carregava quase 2 milhões de barris de petróleo. Após essa ação, a Casa Branca impôs sanções a seis empresas de navegação que trabalham com o setor petrolífero venezuelano.
Antes do anúncio do bloqueio, Maduro havia convocado uma manifestação de trabalhadores do setor de petróleo para defender o direito ao livre comércio. Durante o evento, ele reafirmou que a classe operária deve se mobilizar para proteger o comércio do petróleo venezuelano, que é crucial para a economia do país, em diferentes fóruns internacionais.
Maduro fez um chamado a uma “grande manifestação mundial permanente” para defender a liberdade de comércio e a paz na região do Caribe, enfatizando que a luta pela soberania sobre os recursos naturais é também uma luta de todos os países do mundo.
Em sua comunicação nas redes sociais, Trump exigiu que a Venezuela devolvesse supostas riquezas que teriam sido “roubadas” dos Estados Unidos, afirmando que a pressão sobre o país será intensa até que isso ocorra. Ele classificou o governo da Venezuela como uma “organização terrorista estrangeira”, o que, segundo analistas, serve como justificativa para ações mais agressivas contra o país.
Hernán Vargas, membro da coordenação política da Alba Movimientos, acredita que essa classificação é um pretexto para fomentar um ataque militar, mesmo em face da resistência da população dos Estados Unidos, que, segundo uma pesquisa, é majoritariamente contra esse tipo de intervenção. Ele destaca que o bloqueio revelado por Trump deixa clara a intenção dos Estados Unidos de retomar o controle dos recursos venezuelanos.
Miguel Jaimes, doutor em geopolítica petroleira, observa que ainda é prematuro avaliar os impactos diretos do bloqueio no mercado de petróleo. Embora algumas embarcações não estejam sob sanção, ele prevê que os preços do petróleo global possam aumentar. Jaimes questiona se os Estados Unidos e a Europa estão prontos para suportar esses custos elevados, lembrando que a Venezuela, como um dos maiores produtores de petróleo do mundo, pode não sofrer as consequências do aumento de preços da mesma maneira que outros países. Ele argumentou que a decisão dos Estados Unidos não fechará a economia venezuelana, pois o país continuará a ser um ator importante no mercado de petróleo.

