
A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros deve ter um impacto limitado no crescimento econômico do Brasil. Essa avaliação foi feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que ainda está analisando as consequências do anúncio realizado pelo governo de Donald Trump.
André Roncaglia, Diretor-Executivo do Brasil no FMI, afirmou que a influência da tarifa no Produto Interno Bruto (PIB) do país deve ser bastante pequena, indicando que os efeitos estão “na casa dos decimais”, ou seja, bem abaixo de 1%. Ele destacou que não se espera impacto significativo, como uma alteração de 1% ou 2% no PIB.
Apesar da nova tarifa, o FMI manteve suas projeções de crescimento do PIB brasileiro em 2,3% para 2025 e 2,1% para o ano seguinte. Essas informações fazem parte do relatório anual do Fundo sobre a economia do Brasil, que foi publicado após visitas da equipe técnica às autoridades do país.
O documento analisa o cenário tarifário até 2 de abril, quando as medidas foram inicialmente anunciadas. Mesmo assim, a equipe de pesquisa do FMI já trabalha para entender melhor os efeitos da recente decisão.
Roncaglia observou que a economia brasileira não depende fortemente do comércio com os Estados Unidos, o que tende a limitar as consequências da nova taxa. Ele acredita que, neste ano, caso haja algum efeito, será quase insignificante, e no próximo ano, embora o impacto possa ser um pouco maior, ainda permanecerá em um nível administrável.
Em relação à inflação, o FMI projeta que ela deve encerrar 2025 em 5,2%, com uma tendência gradual de retorno à meta de 3% até o final de 2027. Roncaglia ressaltou que os riscos estão favoráveis para esse processo de desaceleração da inflação, mas alertou que a continuidade da queda da taxa Selic, que é a taxa básica de juros, depende da eficácia no controle das contas públicas. Se a situação fiscal for incerta, o Banco Central pode optar por manter os juros elevados por mais tempo para conter a inflação.
Sobre a dívida pública, Roncaglia afirmou que será necessário um esforço equivalente a quase 2% do PIB para estabilizar a relação entre a dívida e o PIB do Brasil. As previsões indicam que essa relação pode alcançar 99% em 2029, sublinhando a importância do controle fiscal. Ele enfatizou que essa tarefa exigirá colaboração de todos os Poderes, não apenas do Executivo Federal.
Embora o efeito da tarifa seja considerado leve, Roncaglia acredita que o Brasil tem a chance de responder de forma estratégica a essa guerra comercial. Ele apontou possibilidades como a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia e a busca de novas parcerias com outros países da América Latina. Segundo ele, existem grandes oportunidades para aumentar a produtividade e melhorar as trocas comerciais na região.