Projeto Sim, Eu Posso! realiza formatura em Porto Alegre

Cerimônia de Formatura do Projeto "Sim, Eu Posso!" em Porto Alegre

Em uma emocionante cerimônia de formatura, realizada no dia 2 de agosto, a vendedora autônoma Natália dos Reis Souza, de 57 anos, expressou sua gratidão aos envolvidos no projeto "Sim, Eu Posso!", um programa de alfabetização que visa transformar a vida de jovens e adultos. Moradora da Vila Pedreira, Natália participou da primeira turma do projeto, que foi iniciado em janeiro deste ano utilizando o método cubano, conhecido por sua eficácia.

"Se não fosse vocês, eu não estaria aqui lendo esta carta," disse Natália, visivelmente emocionada. Ela fez questão de agradecer aos professores, especialmente ao professor Arnaldo e à professora Alexia, além de mencionar a professora Magda, que sempre incentivou os alunos a se dedicarem. "Sempre dizia que não ia ter molezinha pra nós! (risos)," comentou Natália. Ela compartilhou que antes do projeto, tinha dificuldades para ler e escrever, mas que, através do apoio e amizade com Adriana, responsável pela ligação entre os alunos e a professora, conseguiu avançar. "Hoje, estou aqui lendo para vocês," concluiu.

Outro formando, Altino Vieira Padilha, também compartilhou sua história. Aos 62 anos, ele destacou a importância do aprendizado e como, apesar da hesitação inicial em se matricular, encontrou encorajamento em colegas e educadores. "A professora mandava os temas, e a dona Adriana também ajudava. Agora quero fazer um curso de computador," relatou Padilha. Ele revelou que, em um momento de desânimo, chegou a tentar cancelar a matrícula, mas foi convencido a continuar por seus professores, que acreditavam em seu potencial.

A primeira turma de alfabetização do "Sim, Eu Posso!" foi organizada pelo Fórum Social das Periferias, em parceria com diversas associações, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Associação dos Moradores Força Maior da Vila Pedreira.

Impacto Social Através da Educação

A educadora Alexia Nunes, que é estudante de pedagogia e voluntária do projeto, destacou como a alfabetização pode transformar vidas. Ela enfatizou a importância de trazer o projeto para a periferia e como a história de sua bisavó, que não aprendeu a ler, serve como uma motivação pessoal. "Ver pessoas como o Altino e a Natália celebrando suas conquistas é inspirador. Nunca é tarde para aprender," ressaltou Alexia.

Em 2024, o país registrou aproximadamente 9,1 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais. O Rio Grande do Sul, no entanto, se destacou com uma taxa de 2,4% de analfabetismo entre essa faixa etária, mostrando que, apesar dos desafios, o estado apresenta resultados positivos nesse contexto.

O educador Alexandre Cordeiro reforçou a eficácia do método e a necessidade de educadores que conheçam a realidade dos alunos. "Começamos com dois alunos e agora temos quase 30. É um trabalho gratificante," afirmou Cordeiro.

O "Sim, Eu Posso!" foi desenvolvido pela pedagoga cubana Leonela Inés Relys Díaz e já alfabetizou cerca de 11 milhões de pessoas em mais de 30 países. No Brasil, o MST é pioneiro nesse método, com mais de 100 mil pessoas alfabetizadas desde sua implementação.

Juliane Soares Ribeiro, militante do MST, enfatizou a importância do projeto na luta contra o analfabetismo, ressaltando a necessidade contínua de expandir o método para diferentes regiões e comunidades.

Empoderamento e Solidariedade

Ricardo Haesbaert, presidente da Associação Cultural José Martí do RS, destacou que o projeto representa um esforço conjunto de solidariedade e transformação social. "Nosso objetivo é garantir a dignidade de cada um, permitindo que possam ler um letreiro, uma receita, ou qualquer informação diária que facilite suas vidas," explicou. O projeto, que é totalmente voluntário e não recebe recursos públicos, já se expandiu para outras localidades da região.

As aulas acontecem na sede da Associação de Moradores da Vila Pedreira, liderada por Adriana Correia de Faria. O militante do MST, Tomás Brunet, ressaltou a importância do comprometimento dos educadores e a força do trabalho coletivo. "A coragem dos educandos, como a dona Natália e o seu Altino, é algo admirável. Eles são um exemplo para todos nós," concluiu Brunet.

O "Sim, Eu Posso!" segue promovendo a alfabetização e o empoderamento no coletivo, mostrando que a educação é um caminho para transformar vidas e comunidades.