Executivo da Avenue alerta: ignorar o dólar é arriscado

A crescente busca por diversificação em dólar e oportunidades de retorno tem impulsionado o avanço dos fundos multi-estratégia no Brasil. Cada vez mais, os investidores estão interessados na internacionalização de suas carteiras, na tentativa de minimizar riscos e aumentar ganhos.

Especialistas ressaltam que esses fundos têm se mostrado eficazes em capturar oportunidades, mesmo em um cenário de desafios regulatórios no país. O dólar, por exemplo, continua sendo uma opção segura, mesmo em momentos de incerteza, devido à instabilidade de outras moedas. Em um ambiente de investimentos diversificado, colocar 100% dos recursos em um único país ou moeda pode ser arriscado, especialmente quando se considera o potencial do mercado americano, com setores que não estão disponíveis na Bolsa de Valores brasileira.

Lucas Feitosa, diretor da Avenue, uma plataforma que busca democratizar o acesso a investimentos globais, destacou os obstáculos que os investidores brasileiros enfrentam ao tentar acessar o mercado internacional. Feitosa afirma que o Brasil deve repensar suas barreiras regulatórias para permitir que os investidores explorem melhor as oportunidades no exterior.

Ele também ressaltou que, segundo o Banco Central, guardar moeda em dólar é uma forma de proteção. Portanto, o domínio do dólar como moeda forte é um fato difícil de mudar no futuro.

Na perspectiva de Feitosa, o cenário de investimentos está mudando significativamente. Ele enfatiza a necessidade de atualização dos profissionais do setor financeiro no Brasil, que devem incorporar opções internacionais em suas estratégias. A falta de adaptação pode levar à própria obsolescência desses profissionais.

Um dos principais desafios apontados é a regulamentação brasileira relacionada a produtos internacionais, que limita a oferta e promoção de investimentos fora do Brasil. Isso dificulta a atuação das assessorias de investimento e a comunicação sobre essas opções para os clientes.

Em comparação com os Estados Unidos, Feitosa acredita que o mercado brasileiro ainda está engatinhando em termos de diversidade de produtos ofertados. Nos Estados Unidos, a oferta de ativos e a modernização das práticas de investimento estão mais avançadas. Ele sugere que é hora de o Brasil revisar sua regulamentação para facilitar um maior acesso aos produtos internacionais.

Feitosa também mencionou que as formas de remuneração dos assessores de investimento estão mudando. Nos Estados Unidos, o modelo de cobrança fixa é comum, enquanto no Brasil, a maioria dos profissionais ainda se baseia em comissões. Essa mudança é incentivada por regulamentações recentes, que buscam mais transparência nas taxas cobradas.

Para os investidores brasileiros que desejam começar a investir nos EUA, Feitosa informa que não é tão arriscado como se pensa. O dólar é uma moeda estável, enquanto o real pode apresentar maior volatilidade. Ele argumenta que os títulos do tesouro americano são considerados os mais seguros do mundo, com uma longa história de confiabilidade.

Além disso, a tradição de investimentos nos EUA se diferencia da brasileira, onde a poupança sempre teve destaque. A necessidade de diversificação se tornou evidente à medida que as taxas de juros em produtos de renda fixa diminuíram.

Com a evolução do mercado, a Avenue tem se concentrado em criar infraestrutura que facilite o acesso dos investidores brasileiros aos mercados internacionais. Eles desenvolveram soluções que simplificam o processo para gestoras que desejam operar fora do Brasil, reconhecendo a necessidade crescente de produtos alternativos no mercado.

Por fim, a demanda por mais opções de investimentos e a pressão por alternativas mais rentáveis têm sido fatores que impulsionaram a expansão das gestoras de investimento no Brasil. Essa mudança reflete uma necessidade urgente de inovação e adaptação às novas realidades do cenário financeiro global.