Trump propõe tarifa de 35% sobre produtos canadenses

Na quinta-feira, dia 10, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores do Brasil, encerrou o pregão em baixa de 0,54%, alcançando 136.743,26 pontos. Essa queda é influenciada pela incerteza do mercado e pela preocupação com a recente decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras.

As ações da Marfrig, CSN e CSN Mineração foram as que mais se valorizaram no dia, com altas de 6,38%, 5,04% e 2,99%, respectivamente. A empresa Vale, uma das maiores mineradoras do Brasil, também teve uma leve alta de 2,29%, seguindo a tendência de valorização de mineradoras no cenário global.

Por outro lado, as ações da Embraer sofreram quedas significativas, com um recuo de 3,70%, sendo considerada uma das empresas mais impactadas pelas novas tarifas. Essa situação gerou inquietação entre empresas brasileiras que têm sua produção voltada para o mercado exterior, que agora se veem preocupadas com possíveis retaliações e com a escalada das tensões comerciais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao Jornal Nacional na noite de quinta-feira, trouxe um pouco de alívio ao mercado ao discutir os próximos passos do Brasil em relação aos Estados Unidos. Ele classificou as tarifas anunciadas como “inadmissíveis” e afirmou que o Brasil pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a medida. Lula também informou que, caso as tarifas sejam confirmadas a partir de 1º de agosto, o Brasil pode aplicar a lei de reciprocidade.

O presidente enfatizou a importância da diplomacia e anunciou a formação de uma comissão para avaliar possíveis ações e discutir os impactos das tarifas com os empresários envolvidos. Ele se comprometeu a buscar novos mercados para as exportações brasileiras, visando minimizar os efeitos das tarifas americanas.

No contexto internacional, a guerra comercial entre os países tomou novos rumos na mesma noite, quando os EUA notificaram o Canadá sobre a imposição de tarifas de 35%. O presidente Trump também indicou que tarifas semelhantes podem ser aplicadas à União Europeia nas próximas horas, provocando reações negativas nos mercados financeiros, que amanheceram com quedas expressivas.

As bolsas de valores na Europa apresentam desvalorização, refletindo a fraqueza do PIB britânico e a aversão ao risco relacionada à guerra comercial. Na Ásia, os índices de Japão e Coreia do Sul também apresentaram resultados negativos, enquanto a China registrou algumas altas após uma reunião entre autoridades dos EUA e da China, sinalizando a possibilidade de diálogos diplomáticos.

Nos mercados futuros de Nova York, as expectativas permanecem pessimistas após o anúncio de tarifas adicionais, o que tende a agravar a instabilidade nos setores econômico e comercial.

Em relação às commodities, o preço do petróleo registrou alta, vinculado às sanções dos EUA contra a Rússia, enquanto o minério de ferro também teve valorização, indicando um cenário de crescimento nesse setor, mesmo em meio às incertezas comerciais.

No Brasil, o Banco Central divulgou um comunicado em resposta ao descumprimento da meta de inflação, explicando que a depreciação do real e a atividade econômica foram fatores que contribuíram para esse desvio. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá reuniões com representantes do Banco do Brasil e da Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais, com foco na situação econômica atual.

O governo brasileiro se mantém atento ao cenário econômico, buscando medidas que possam controlar os impactos das novas tarifas, enquanto a agenda econômica da próxima semana promete trazer mais dados relevantes, como o volume de serviços e o índice de confiança do empresário industrial, que serão monitorados de perto pelo mercado.

No plano corporativo, empresas como Telefônica Brasil e Fras-le anunciaram acordos significativos, enquanto a Embraer se prepara para avaliar os efeitos das tarifas impostas pelos EUA. A Direcional também reportou números recordes em seus lançamentos no segundo trimestre.