Dólar aumenta após três quedas devido a tensões sobre IOF

Nesta terça-feira, 1º de agosto, o dólar à vista fechou em alta de 0,50%, cotado a R$ 5,46. A moeda norte-americana interrompeu uma sequência de três dias de quedas e, ao longo do dia, alcançou o valor máximo de R$ 5,4699.

Esse aumento no valor do dólar pode ser atribuído a uma combinação de fatores, incluindo a realização de lucros após uma queda significativa em junho, bem como a elevação das taxas de juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, conhecidos como Treasuries. Além disso, uma nova controvérsia relacionada ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também contribuiu para a volatilidade do mercado.

No cenário internacional, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, comentou durante um evento do Banco Central Europeu. Ele indicou que a decisão sobre um possível corte de juros nos EUA em julho dependerá de dados econômicos a serem divulgados nos próximos dias. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a seis outras moedas fortes, mostrou uma leve queda, próximo a 96,700 pontos.

### Controvérsia do IOF e suas Implicações

Pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu levar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a reedição de um decreto que aumentava as alíquotas do IOF. Esse decreto tinha sido derrubado pelo Congresso na semana anterior. O anúncio foi feito pelo ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias. Essa proposta faz parte do esforço do governo para atingir um superávit fiscal de 0,25% do PIB em 2026, conforme declarado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Além da revisão do IOF, o plano inclui a redução de R$ 15 bilhões em benefícios tributários e outras medidas, como a Medida Provisória (MP) das apostas e criação de fundos exclusivos.

De acordo com Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, a incerteza em torno do IOF aumenta a cautela no mercado, especialmente em um momento em que o real já havia se valorizado bastante no primeiro semestre. Ele alerta que as incertezas fiscais podem voltar a pressionar a cotação do câmbio.

### Desempenho do Real no Semestre

Apesar da alta do dólar nesta terça-feira, a moeda americana caiu 4,99% em junho e encerrou o primeiro semestre de 2023 com uma desvalorização de 12,07%, retornando a patamares semelhantes aos de setembro do ano anterior. Essa tendência de queda no dólar foi impulsionada por fatores como a taxa de juros Selic elevada, o influxo de investimentos estrangeiros e a expectativa de cortes nas taxas de juros nos EUA, o que acabou desvalorizando o dólar globalmente.

### Contexto Internacional

No cenário internacional, as taxas dos Treasuries de 2 e 10 anos aumentaram após o Senado dos EUA aprovar um pacote orçamentário proposto pelo presidente, que inclui cortes de impostos e aumenta os riscos fiscais. Essa alta nas taxas de juros aumenta a atratividade dos títulos americanos e diminui o apelo por ativos em países emergentes, como o Brasil.

Além disso, indicadores econômicos dos EUA mostraram que o índice de atividade industrial (PMI) subiu de 48,5 para 49 pontos, indicando uma contração moderada. O relatório Jolts revelou que existem 7,77 milhões de vagas de trabalho disponíveis, superando as expectativas do mercado. O foco agora se volta para o relatório de empregos que será divulgado na próxima quinta-feira, 4 de agosto.