‘Pix no Prato’ pode ser novo substituto do vale-refeição: entenda como vai funcionar

O vale-refeição pode estar se tornando um benefício obsoleto, que dará espaço ao que o Banco Central está chamando de “Pix no Prato”.

O Pix transformou radicalmente a forma como os brasileiros realizam pagamentos e transferências. Criado pelo Banco Central, esse sistema instantâneo se destaca por permitir operações gratuitas, rápidas e disponíveis 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana e feriados.

Com apenas um clique, o dinheiro chega ao destino em segundos, sem a necessidade de intermediários ou tarifas bancárias. Essas vantagens explicam sua popularidade crescente entre consumidores e empresas de todos os setores.

Diante desse cenário, o governo federal passou a enxergar o Pix como uma solução eficiente para diversas políticas públicas. Entre elas, ganha destaque uma proposta que pode reformular o tradicional benefício do vale-refeição: o “Pix no Prato”.

O 'Pix no Prato' pode estar chegando para mudar os benefícios dos trabalhadores.
O ‘Pix no Prato’ pode estar chegando para mudar os benefícios dos trabalhadores. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / noticiadamanha.com.br

Pix no Prato pode ser substituto do vale-refeição

O governo federal estuda substituir os cartões de vale-refeição por transferências diretas via Pix, com o objetivo de simplificar a concessão do benefício. Com essa reformulação, os trabalhadores receberiam o valor do auxílio diretamente em suas contas bancárias ou carteiras digitais, eliminando intermediários.

Ao adotar o Pix, o governo pretende reduzir os custos operacionais associados às operadoras de cartões, além de aumentar o poder de compra dos trabalhadores. Essa proposta surge num contexto de inflação persistente, onde o acesso a uma alimentação adequada se torna ainda mais urgente.

Ao eliminar as taxas cobradas por administradoras e ampliar a liberdade de uso dos recursos, o “Pix no Prato” pode permitir que o trabalhador utilize integralmente o valor recebido. No entanto, essa flexibilidade levanta preocupações em relação ao controle do uso do benefício.

Empresas do setor de benefícios corporativos, representadas por entidades como a ABBT, demonstram resistência à mudança. Elas argumentam que a reformulação pode gerar novos encargos fiscais e trabalhistas, além de comprometer o modelo de isenções que sustenta o atual PAT.

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Como o governo planeja implementar o Pix no Prato?

A proposta do Pix no Prato visa modernizar o Programa de Alimentação do Trabalhador ao alinhar-se às novas tecnologias e aos hábitos financeiros da população. Para tanto, o governo precisa revisar legislações vigentes, como as que regulamentam a dedução fiscal das empresas.

Além disso, pretende adotar medidas de rastreabilidade que permitam acompanhar o uso dos recursos transferidos, garantindo que eles cumpram sua função social. O processo de implementação prevê fases experimentais e escuta de diferentes setores envolvidos.

O governo sinaliza que quer evitar rupturas abruptas e construir o novo modelo com diálogo entre trabalhadores, empregadores e representantes da indústria alimentícia. Essa abordagem pretende evitar falhas como a perda de incentivos fiscais, que hoje estimulam empresas a oferecer o benefício.

A participação ativa da Receita Federal e do Ministério do Trabalho será fundamental para garantir a segurança jurídica da transição. Outro ponto importante envolve a criação de mecanismos que limitem o uso indevido dos valores transferidos.

Sem um formato padronizado como o cartão, que só funciona em estabelecimentos específicos, o Pix ampliaria o leque de possibilidades. Por isso, especialistas defendem o uso de ferramentas de monitoramento, como apps com categorias de gastos ou sistemas de prestação de contas.

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Como o vale-refeição funciona atualmente?

Hoje, o vale-refeição integra o Programa de Alimentação do Trabalhador, criado para melhorar a nutrição dos trabalhadores formais. Esse benefício é normalmente ofertado em forma de cartões eletrônicos, com créditos mensais que só podem ser usados em restaurantes e estabelecimentos alimentícios.

As operadoras desses cartões firmam parcerias com empresas e estabelecimentos comerciais, criando uma rede restrita de aceitação. Essa estrutura garante que o benefício seja utilizado exclusivamente para alimentação, cumprindo seu propósito.

O modelo atual oferece vantagens tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores. As empresas que aderem ao programa recebem incentivos fiscais, enquanto os trabalhadores ganham um valor adicional voltado exclusivamente à alimentação.

No entanto, essa estrutura tem um custo elevado, já que as operadoras cobram taxas de administração que reduzem o valor efetivamente recebido. Além disso, as limitações de uso e os contratos exclusivos dificultam a liberdade de escolha do consumidor.

Em contrapartida, o setor de serviços alimentícios se beneficia do modelo vigente, já que os créditos dos cartões movimentam restaurantes, lanchonetes e mercados credenciados. A eventual substituição por transferências via Pix pode alterar essa dinâmica, redirecionando o fluxo de consumo.

Essa mudança pode impactar negativamente pequenos comerciantes que dependem da fidelização gerada pelos cartões, ao mesmo tempo que amplia a liberdade de compra dos trabalhadores, que poderão optar por estabelecimentos fora da rede tradicional.

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