Brasil pode ter nova Bolsa de Valores; entenda as discussões

O mercado financeiro brasileiro pode passar por uma grande transformação em breve com a proposta de uma nova Bolsa de Valores, que pretende competir com a B3. Essa iniciativa é liderada pela Central de Serviços de Liquidação e Registro de Ativos Digitais (CSD), uma fintech que já movimentou trilhões de reais e agora está se preparando para lançar uma nova plataforma de negociação.

De acordo com Edivar Queiroz, CEO da CSD, a nova bolsa promete oferecer redução de custos, mais inovação e maior liberdade de escolha para investidores e empresas. Atualmente, o Brasil ocupa a 23ª posição em desenvolvimento de mercado de capitais, apesar de ser a 9ª maior economia do mundo. Essa situação é atribuída a altos custos de operação, baixa concorrência no setor e falta de inovação.

Entre os principais problemas do mercado atual estão:

  • Concentração de mercado: A B3 opera praticamente sozinha, o que limita o surgimento de novos produtos e eleva custos.
  • Fuga de capital: Aproximadamente 40% dos investimentos das maiores gestoras brasileiras estão alocados no exterior, devido à falta de atratividade do mercado interno.
  • Baixa liquidez e inovação: O Brasil ainda não possui contratos futuros agrícolas líquidos, nem derivativos modernos, o que limita as opções para investidores.

A CSD, criada em 2018, já desempenha funções como registradora e depositária, movimentando mais de R$ 5 trilhões em 2024. Queiroz afirma que a CSD está tecnicamente pronta para operar como uma nova Bolsa de Valores a partir de junho de 2026, dependendo apenas da aprovação do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O que diferencia a CSD de outras operações financeiras inclui:

  • Tecnologia avançada: A CSD possui um sistema que reduz o tempo de liquidação de 24 horas para apenas 15 minutos.
  • Custos menores: A fintech promete reduzir significativamente os custos de emissão e operação de ativos.
  • Abertura a novos participantes: O modelo da CSD vai permitir a inclusão de corretoras independentes e pequenos escritórios, aumentando o acesso ao mercado.
  • Inovação em produtos: A CSD já oferece swaps personalizados, um tipo de produto que movimentou mais de R$ 200 bilhões.

Um conceito importante defendido por Queiroz é a interoperabilidade entre diferentes plataformas. Essa abordagem permitiria que investidores operassem simultaneamente em várias depositárias, facilitando o acesso a ativos internacionais e eliminando a necessidade de instrumentos como BDRs e ADRs.

Ainda assim, para que a nova Bolsa se torne realidade, a CSD precisa da aprovação regulatória do Banco Central e da CVM. O CEO acredita que a pressão do mercado, junto com a mobilização de investidores e instituições, será fundamental para avançar nessa direção.

Com a implementação da nova Bolsa, espera-se que os investidores e empresas obtenham diversos benefícios, como:

  • Aumento nas opções de ativos disponíveis.
  • Redução de taxas e tarifas.
  • Acesso facilitado a produtos internacionais.
  • Um mercado mais dinâmico e competitivo.
  • Possibilidade de negociar em diferentes plataformas, promovendo interoperabilidade.

Em resumo, o surgimento desta nova Bolsa representa uma tentativa concreta de modernizar o sistema financeiro brasileiro, democratizando o acesso a investimentos e incentivando a inovação e eficiência no mercado.